Há certas dúvidas sobre quais foram exatamente os nossos antepassados mais remotos. Os seres humanos modernos só surgiram há cerca de 200 mil anos.[3] Os humanos são primatas e surgiram na África; duas espécies que pertenceram aos primórdios da evolução dos hominídeos foram o Sahelanthropus tchadensis, com um misto de caraterísticas humanas e símias, e o Orrorin tugenensis, já bípede, mas não se sabe o tamanho do cérebro, que no Sahelanthropus era de 320–380 cm cúbicos. Ambos existiam há mais de 6 milhões de anos. [4] Os hominídeos da época habitavam a África subsariana, a Etiópia e Tanzânia, ou seja na África Oriental. Seguiram-se a esses primeiros hominídeos os Ardipithecus e mais tarde (há 4,3 milhões de anos até há 2,4 milhões) os Australopithecus, descendentes dos Ardipithecus. Tinham (os australopitecos) maiores cérebros, pernas mais longas, braços menores, e traços faciais mais parecidos aos nossos.[5]
Há 2,5 milhões de anos surge o gênero Homo, Homo habilis na África oriental, com ele começam-se a usar ferramentas de pedra totalmente feitas por eles (começando o Paleolítico) e carne passa a ser mais importante na dieta do Homo habilis. Eram caçadores e tinham um cérebro maior (590–650 cm cúbicos), mas tinham braços compridos.[6]
Foto: Fabricio Carrijo
O PROJETO
por Fabricio Carrijo
São milhares de vidas que têm cruzado a fronteira entre a Venezuela e o Brasil, e ao chegarem no país frequentemente se tornam apenas “o(a) venezuelano(a)”, como se sua existência pudesse ser reduzida ao pertencimento a determinada nacionalidade. No entanto, são mulheres, homens, trans, crianças, jovens, adultos, idosos, enfim, seres humanos com experiências de vida diversas, convergidas pela condição de migrante, de refugiado, a qual não dilui os demais aspectos constitutivos de sua identidade. No projeto “Estórias Migrantes” fotografamos e conversamos com algumas destas pessoas, escutamos suas histórias, trajetórias, anseios, conhecemos seu cotidiano, aprendemos sobre e com elas. Nos textos e fotos a seguir compartilhamos com você parte desta experiência.
Mais de 5.4 milhões de pessoas já deixaram a Venezuela, em sua maioria em direção a países na América Latina, sobretudo Colômbia, Peru, Equador, Chile e Brasil, em total de 4.6 três milhões de migrantes e refugiados venezuelanos no continente, uma situação de deslocamento sem precedentes na região*. Com início em 2015, O fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil se intensifica a partir de 2017, sendo Roraima, estado fronteiriço com a Venezuela, a principal porta de entrada para o país, sobretudo pelo município de Pacaraima. Uma vez no Brasil, a maioria continua até a capital do estado, Boa Vista, percorrendo os 215 quilômetros entre ambas as cidades em muitos casos a pé ou de carona, jornada que as jornalistas Costa e Brandão (2018) acompanharam e denominaram “rota da fome”.
“É como se nos obrigassem a sair, não foi a nossa vontade de vir para cá. Simplesmente não tivemos outra opção. A situação era tão crítica que já não podíamos viver lá” nos conta Ruth no abrigo Rondon 1, em Boa Vista. Assim como muitas outras pessoas, ela deixou a Venezuela movida por uma mistura de desespero e esperança, deixou para trás um contexto socioeconômico que se tornou insustentável, e um circuito afetivo que dava sentido e segurança à sua vida: pessoas queridas, encontros familiares, sua casa, emprego, deixou uma parte de si, em busca não apenas de se reconstruir, mas de um futuro. E esta expectativa quanto ao porvir lhe proporciona força para lidar com um presente precário, repleto de ausências.
Foto: Katarzyna Górka
Ruth vive com seu filho e marido em um dos nove abrigos para refugiados existentes em Boa Vista, assim como, de acordo com o ACNUR, cerca de 6000 mil outras pessoas. O abrigamento é uma ação do Governo Federal através da Operação Acolhida iniciada em março de 2018. Esta envolve a governo no âmbito federal, estadual e municipal, as forças armadas, várias agências da ONU e organizações parceiras.
Com início em 2018, Estórias Migrantes constitui um projeto em andamento vinculado à Cátedra Sérgio Vieira de Mello da Universidade Federal de Roraima (UFRR). No projeto Estórias Migrantes, cada pessoa é considerada muito além de seu status legal e das estatísticas de entrada no país e solicitação de refúgio. São subjetividades, têm nome, Caterine, Fracisco, Josbelys, Yraída, têm história. O projeto visa questionar as representações desistoricizadas dos refugiados, retratados como corpos anônimos e sem fala, como vítimas impotentes ou uma ameaça à sociedade de acolhimento.
O projeto Estórias Migrantes buscar trazer visibilidade a narrativas contra-hegemônicas das quais os refugiados participam como sujeitos históricos e com agência. O Projeto almeja proporcionar narrativas outras que questionam e busca transcender imaginários estereotipados e contribuam à desconstrução de discursos xenófobos, ao fomento da empatia e consequentemente à coexistência pacífica entre migrantes e refugiados e a sociedade de acolhida.
Estórias Migrantes conta com uma equipe formada por docentes e discentes de diferentes áreas do conhecimento abrangendo Relações Internacionais, Antropologia, Comunicação, Arquitetura e Direito. Sua realização envolve trabalho de campo envolvendo o registro fotográfico e entrevistas com migrantes e refugiados em vários abrigos para migrante e refugiados em Boa Vista, Roraima.
*Dados disponíveis na plataforma inter-agencial das Nações Unidas Response for Venezuelans (R4V). Acesso: setembro de 2021.