Foto: Juliana Orihuela
“Sinto muita saudade de preparar minha própria comida, pois no abrigo não podemos cozinhar” - Francisco
por Lisiane Aguiar
Francisco, 29 anos, vivia na Ilha Margarita e está no Brasil faz um mês. Sente muita falta da praia e de disfrutar mais de momentos em família. Ele avalia que viver com a mulher e dois filhos em um abrigo é uma situação difícil. No momento, estão aguardando para fazer a interiorização para outro estado brasileiro em busca de melhores condições de vida para seus filhos. Por enquanto, segue vendendo doces nas ruas de Boa Vista. Com o dinheiro que consegue nas vendas, aproveita para comprar materiais escolares e merenda para seus filhos.
Na Venezuela tinha casa própria e carro que permitia ir à praia com seus filhos, mas depois da crise foi se desfazendo do que tinha para comprar comida até tomar a decisão de migrar para o Brasil. Primeiro, ele veio sozinho para Boa Vista e depois trouxe a mulher e os dois filhos. Ele recorda que foi uma alegria quando chegou e encontrou muitos alimentos para poder oferecer a seus filhos por um preço possível de pagar.
Francisco relatou que o que sente mais falta é o de preparar a sua própria comida. Cotidianamente, o almoço do abrigo é composto de arroz e carne moída. Essa comida mata a fome, mas sente muita saudade do tempero que usava na Venezuela.
Ele informou que tem muitos amigos que foram a outros países em busca de trabalho, mas menciona que apesar da vida difícil muitos não pretendem retornar a Venezuela não apenas pela falta de condições dignas de sobrevivência, mas por medo de serem acusados pelo governo de “traidores da pátria” por haverem deixada o Venezuela.